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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Campos e a Rede Blog

Uma reflexão

Por Luciano Aquino

A teoria da comunicação, embora possa não parecer a princípio, é bastante complexa, ampla e envolvente, e por isso fogem aos olhos de quem não a corteja seus melindres e filigranas.

A evolução dos blogs, entre tantas outras ferramentas das novas comunicações, cujo surgimento só encurta o tempo do aprimoramento das tecnologias, vem sendo discutida sob os mais variados aspectos, com a convergência de opiniões para um canal que foge do já pseudo tradicionalismo dos meios de divulgação, posto que praticamente não tem limitações, não possuindo “obrigatoriamente” linha editorial, não se alinhando diretamente às teorias do newsmaking ou gatekepper, não tendo ainda uma roupagem pré ou pós estabelecida. É um mix, que se alastrou consistentemente.

Pilotar esta máquina pode ser bastante prazeroso – tem-se agilidade, velocidade e alcance, mas dependendo de sua concepção e emprego, a viagem pode acabar em círculos, não se alcançando os resultados desejados, ou, o que é pior, alcançando resultados indesejados.

Nos últimos dias, em Campos dos Goytacazes, surgiram diversos posts na própria rede blog dando conta de que secretários da prefeitura e colaboradores próximos iriam lançar novos blogs, por orientação oficial ou extra-oficial, para rebater críticas ou expor ações do governo municipal. Há uma série de fatores que nos levam a questionar essa como uma efetiva ação de marketing e/ou comunicação que realmente seja eficiente para o que se propõe. Não que vir a campo para o debate não seja proveitoso, ao contrário, embora também duvide da prática, mas falamos pelo próprio mecanismo em si.

Vejamos: de início, pelo oceano de blogs existentes em todos os cantos do planeta, e pela infinidade de assuntos abordados, muito dificilmente a colocação desse número “x” de blogs no ar, e com o mesmo propósito, terá um impacto que se esteja esperando, se é que alguma avaliação anterior chegou a ser feita. Há sempre, naturalmente, o que podemos chamar de fragmentação da exposição, as perdas nas ondas da navegação.

Em segundo lugar, não obstante à força dos blogs inclusive como instrumento oficial (na verdade muitas empresas já os utilizam, embora os governos se dediquem aos sites oficiais), o charme, o encanto, o mais original, para não dizer a essência, dos blogs reside justamente na possibilidade de se contrapor aos parâmetros e informações oficiais, podendo fugir até mesmo dos órgãos de imprensa que se dizem independentes. Não se trata única e exclusivamente de se opor, ou criticar, mas originalmente de liberdade. Imaginem se, na década de 60 do século passado, o governo militar lançasse um “Pasquim oficial”, para combater o velho e também charmoso “Pasquim”. Alguém acredita que haveria resultado positivo?

Outro problema, paralelo ao supracitado, está no que será oferecido aos internautas nesses novos blogs. O maior risco é o de se oferecer uma janta requentada de um almoço oferecido pelo próprio site da prefeitura. Então se dirá: ei, aqui você também encontra o que você encontra (ou nem sempre) lá? É isso? Nem sempre “na minha mão é mais barato”. Pois acreditamos ser de grande complexidade um constante cruzamento de dados e informações que possibilite sempre notícias diferentes, novas, exclusivas e uma interatividade que agrade e atenda ao cidadão. Além disso, já há demonstrações de que, por razões mais do que óbvias, as abrangências serão limitadas. Exemplo? No blog recém lançado pelo secretário de Saúde da prefeitura de Campos há uma enquete que pergunta sobre o que teria melhorado na saúde do município, com quatro opções referentes a procedimentos. Ora, e se o internauta visitante achar que nada melhorou? Não há essa opção para ele ? Ele não vota ? Não votando ele não participa do blog, não é? Não deixa de ser uma pré-exclusão, ou pré-seleção, uma ode ao elogio que, no entanto, não é exatamente o que move os blogs.

No mais, em resumo, seria justamente o relacionamento com o público, de forma sincera, o que poderia se traduzir em sucesso. Mas se os novos instrumentos forem criados, como está parecendo ser, apenas como contraposto ao contraposto, o povo deverá continuar atrás de seus direitos, de suas respostas.

Do Blog Geral

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