Do lugar em que estou,
Neste belo entardecer,
Não te vejo poluído,
Assoreado, enfraquecido.
Ainda existe um quê de majestoso
Na largueza de tuas margens,
No remanso do teu curso,
Na placidez das tuas águas.
Não sinto o desagradável cheiro
Da podridão dos esgotos
Nem a química predatória
Do capitalismo selvagem.
Neste momento, nada disso interessa:
Sou apenas contemplação,
Encantamento, ser em paz.
Ao longe, em silêncio,
Um barco de paciente pescador.
Flashback instantâneo
Das cenas de infância e juventude...
Ao fundo, lá naquela lonjura
-que não é tanta assim-
Montanhas se abrem ao Sol
Que desliza num céu de safira
Sob rajadas de amarelo avermelhado,
Dourado, róseo e alaranjado,
Num extasiante envolvimento
E deslumbramento multicor.
Ah! aquarela campista do fim de tarde...
Agora é o vento nordeste que vem
E sopra suavemente
Por entre os canaviais.
E assim, o vento da planície
Deixa encrespado, de leve, teu leito...
Paraíba: ainda rolas dentro do meu peito!
Em 12/agosto/2009 por Hélio Coelho
Hélio Coelho é professor da Faculdade de Direito de Campos , da Universidade Federal Fluminense ( Campos ) e membro da Academia Campista de Letras
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