Sábado, 2 de julho - 14:00 às 18:00 h na Praia de Copacabana - Concentração no Posto 4
Pelo fim da violência sexual contra a mulher !
Em defesa da vida e da liberdade da mulher !
Carta Manifesto da Marcha das Vadias de Rio de Janeiro – Por que marchamos?
No Rio de Janeiro, marchamos porque apenas nos primeiros três meses desse ano foram 1.246 casos registrados de mulheres e meninas estupradas, uma média de quatorze mulheres e meninas estupradas por dia, e sabemos que ainda há várias mulheres e meninas abusadas cujos casos desconhecemos; marchamos porque muitas de nós dependemos do precário sistema de transporte público do Rio de Janeiro, que nos obriga a andar longas distâncias sem qualquer segurança ou iluminação para proteger as várias mulheres e meninas que são violentadas ao longo desses caminhos; marchamos porque foi preciso a criação de vagões femininos no trem e no metrô para que não fossemos sexualmente assediadas durante o uso desses transportes.
No Brasil, marchamos porque aproximadamente 15 mil mulheres são estupradas por ano, e mesmo assim nossa sociedade acha graça quando um humorista faz piada sobre estupro, chegando ao cúmulo de dizer que homens que estupram mulheres feias não merecem cadeia, mas um abraço; marchamos porque nos colocam rebolativas e caladas como mero pano de fundo em programas de TV nas tardes de domingo e utilizam nossa imagem semi-nua para vender cerveja, vendendo a nós mesmas como mero objeto de prazer e consumo dos homens; marchamos porque vivemos em uma cultura patriarcal que aciona diversos dispositivos para reprimir a sexualidade da mulher, nos dividindo em “santas” e “putas”, e muitas mulheres que denunciam estupro são acusadas de terem procurado a violência pela forma como se comportam ou pela forma como estavam vestidas; marchamos porque a mesma sociedade que explora a publicização de nossos corpos voltada ao prazer masculino se escandaliza quando mostramos o seio em público para amamentar nossas filhas e filhos; marchamos porque durante séculos as mulheres negras escravizadas foram estupradas pelos senhores, porque hoje empregadas domésticas são estupradas pelos patrões e porque todas as mulheres, de todas as idades e classes sociais, sofreram ou sofrerão algum tipo de violência ao longo da vida, seja simbólica, psicológica, física ou sexual.
No mundo, marchamos porque desde muito novas somos ensinadas a sentir culpa e vergonha pela expressão de nossa sexualidade e a temer que homens invadam nossos corpos sem o nosso consentimento; marchamos porque muitas de nós somos responsabilizadas pela possibilidade de sermos estupradas, quando são os homens que deveriam ser ensinados a não estuprar; marchamos porque mulheres lésbicas de vários países sofrem o chamado “estupro corretivo” por parte de homens que se acham no direito de puni-las para corrigir o que consideram um desvio sexual; marchamos porque ontem um pai abusou sexualmente de uma filha, porque hoje um marido violentou a esposa e, nesse momento, várias mulheres e meninas estão tendo seus corpos invadidos por homens aos quais elas não deram permissão para fazê-lo, e todas choramos porque sentimos que não podemos fazer nada por nossas irmãs agredidas e mortas diariamente. Mas podemos.
Já somos chamadas de vadias porque usamos roupas curtas, já fomos chamadas de vadias porque transamos antes do casamento, já fomos chamadas de vadias por simplesmente dizer “não” a um homem, já fomos chamadas de vadias porque levantamos o tom de voz em uma discussão, já fomos chamadas de vadias porque andamos sozinhas à noite e fomos estupradas, já fomos chamadas de vadias porque ficamos bêbadas e sofremos estupro enquanto estávamos inconscientes, por um ou vários homens ao mesmo tempo, já fomos chamadas de vadias quando torturadas e curradas durante a Ditadura Militar. Já fomos e somos diariamente chamadas de vadias apenas porque somos MULHERES.
Mas, hoje, marchamos para dizer que não aceitaremos palavras e ações utilizadas para nos agredir enquanto mulheres. Se, na nossa sociedade machista, algumas são consideradas vadias, TODAS NÓS SOMOS VADIAS. E somos todas santas, e somos todas fortes, e somos todas livres! Somos livres de rótulos, de estereótipos e de qualquer tentativa de opressão masculina à nossa vida, à nossa sexualidade e aos nossos corpos. Estar no comando de nossa vida sexual não significa que estamos nos abrindo para uma expectativa de violência, e por isso somos solidárias a todas as mulheres estupradas em qualquer circunstância, porque tiveram seus corpos invadidos, porque foram agredidas e humilhadas, tiveram sua dignidade destroçada e muitas vezes foram culpadas por isso. O direito a uma vida livre de violência é um dos direitos mais básicos de toda mulher, e é pela garantia desse direito fundamental que marchamos hoje e marcharemos até que todas sejamos livres.
Somos todas as mulheres do mundo! Mães, filhas, avós, putas, santas, vadias…todas merecemos respeito!
Créditos à Marcha das Vadias de Brasília
Sobre a Marcha das Vadias do Rio de Janeiro:
A primeira Marcha das Vadias aconteceu em fevereiro de 2011 no Canadá. Foi um protesto de estudantes da universidade de Toronto contra a infeliz afirmação de um policial, em palestra sobre segurança no campus. Ele sugeriu que as estudantes evitassem se vestir como "vadias", para não serem vítimas de assédio sexual.
A Marcha das Vadias é um protesto irreverente contra a idéia de culpar as mulheres pela agressão que sofrem. Nenhuma agressão sexual pode ser justificada pelas roupas, pelo comportamento ou pelo estilo de vida da pessoa agredida.
Marchas semelhantes já foram realizadas nos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Grã-Bretanha, Holanda, Suécia, Argentina e Índia. No Brasil já aconteceram Marchas das Vadias em Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Florianópolis, Juiz de Fora, Recife, Fortaleza, Porto Alegre e Natal. Dia 2 de julho é a vez de Salvador, onde a marcha acontece no dia da “Independência da Bahia”.
Neste mesmo dia mulheres de todo o estado estão convocadas pelas organizadoras da Marcha das Vadias do Rio de Janeiro, em protesto contra essa idéia de culpar as mulheres. Esta é uma cultura presente na nossa sociedade, embora ela ofenda a liberdade de expressão e o direito à privacidade, princípios constitucionais que precisam ser garantidos e respeitados.
No Rio a situação é grave e preocupante - Um relatório do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro mostrou que pelo menos 10 mulheres foram estupradas por dia em 2011. Dos 4.589 registros desse tipo de violência, 3.751 tiveram como vítimas meninas de no máximo 14 anos de idade.
A Marcha das Vadias do Rio de Janeiro defenderá:
* o direito de ir e vir e o direito de existir sem ser vítima da violência.
* atendimento de qualidade pelo SUS para todas as pessoas que sofrem violência sexual.
* acesso sem burocracia ou protelação ao aborto pelo SUS quando as gravidezes são consequência de um estupro e se esta for a decisão da mulher.
* implementação efetiva da Lei Maria da Penha.
* melhorias nas Delegacias Especiais de Atendimento às Mulheres (DEAMs).
* qualificação das delegacias não especializadas para atender vítimas de violência sexual e doméstica, com capacitação de agentes da segurança pública sobre diversidade sexual.
Marcha das Vadias Rio de Janeiro
2 comentários:
O país está indo muito bem. Senão vejamos: uma guerrilheira na presidência que sequer consegue concatenar pensamentos e frases; marcha pelo uso da maconha - gente defendendo o vício e a autodegradação; músicas de duplo significado com apelo sexual, ao consumo de álcool e ao uso de entorpecentes; marcha das vadias - sem comentários.
Que lindo país esse zinho...
Quanta demoniocracia !
É a democracia se consolidando, meu caro .
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